domingo, 29 de dezembro de 2019

A leveza de ser


 


  Certas relações são uma busca incessante de provar que somos bons o suficiente para algo ou alguém. É como se qualquer ato falho fizesse o outro perder interesse.  Como se a relação dependesse tanto da gente que não podemos relaxar. E a gente se acostuma com a dúvida.  Acostumamos com a carga. E isso não deveria ser normal.
  O costume é algo nocivo porque nos faz naturalizar momentos que poderiam ser muito melhores. O costume faz com que não enxerguemos a total beleza das coisas. Conviva com uma criança por pouco tempo e irá perceber como o olhar dela é diferente. Ela acha incrível carretas e trens. Uma criança acha espetacular como a lua parece a seguir em todo lugar que ela vai. Isso acontece porque tudo é novidade, ela não está acostumada com aquilo como os adultos estão, tudo é mágico e leve.
  O que é leve a gente não questiona. O que é leve a gente sente como uma brisa fresca num dia quente. É como um abraço quando palavras não podem ajudar. É confortável como nosso próprio travesseiro. Como um chuveiro quente num dia frio e cansativo. O que é leve não traz dúvidas, mas paz.
  Que se for para estar com alguém seja leve como uma noite na praia com nossa companhia preferida, que a gente tenha conversas tão gostosas que tenhamos vontade de morar nelas. Não precisamos sentir como se estivéssemos, o tempo todo, a espera de algo, na ansiedade de ganhar ou perder.
  É tão bom a leveza de um coração que está em paz, sorrimos também com o olhar, e parece que o universo sorri de volta pra gente.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Não existe depois


Não existe depois. Não quero te pedir pra acelerar as coisas, não quero te pedir pra não ter paciência, porque também é necessário. Mas eu quero te lembrar que não existe depois, o erro deve ser consertado sem esperar a hora certa, a tentativa deve ser feita, as palavras que sufocam devem ser faladas. Os sentimentos vão sendo amenizados, as prioridades vão se transformando e as pessoas se perdendo umas das outras. O presente está  a segundos de se tornar passado e o passado não o vivemos, apenas lembramos com pesar ou saudade. O agora muda o futuro e tudo está na fronteira de decisões. O medo de se equivocar nos faz paralisar diante da vida. Ele deve existir pra que respeitemos nossas escolhas, ele faz com que olhemos para elas verdadeiramente com carinho e de maneira crítica. Mas o medo que paralisa é ansiedade, é tentar consertar algo antes que esteja quebrado. E quando tentamos consertar algo em perfeitas condições a gente se machuca. Enquanto estamos paralisados com medo de fazer escolhas erradas, a terra continua girando, o relógio continua contando as horas...
  As consequências das nossas escolhas são mais leves quando assumimos a autoria da nossa vida. É por isso que lidamos tão mal com coisas definitivas. A sensação de impotência é desesperadora.
 Por isso, não espere a segunda-feira pra começar a se cuidar, não espere o final de semana pra ser feliz. Tem tanta coisa gritando isso pra gente, quando a gente vai começar a ouvir?

terça-feira, 16 de abril de 2019

Sobre 2019




É, eu sei, esse ano não está sendo nada tranquilo. E, realmente, a vida não é fácil. O que não podemos fazer é nos conformar e entrar numa histeria coletiva de pensamentos ruins e energia negativa que normalmente (e compreensivelmente) ocorre em anos assim.
Sabe quando você compra um carro novo e, de uma hora pra outra, começa a reparar no tanto de carros iguais aos seus existem no seu caminho? Quando estamos focados em algo, aquilo passa a ser captado pelo nosso “radar” com muito mais frequência. Àquilo que damos importância nas nossas vidas tende a tomar grande parte da nossa atenção. Quando tomamos consciência disso conseguimos ter uma nova perspectiva de como os fatos da vida se desenvolvem. Isso não quer dizer que coisas ruins vão deixar de acontecer, mas que você vai sentir pesar e apesar disso vai seguir em frente.
Que para cada sensação de fim, comecemos algo novo. Que para cada palavra ruim, a gente elogie verdadeiramente e sem motivo específico alguém que admiramos. Que para cada atitude fundamentada na raiva a gente se perdoe por ter sido impulsivo por amor ou bondade, sem se sentir idiota por isso. Que para cada sentimento de perda, a gente cuide daquilo que é valioso pra gente. Que para cada situação ruim que está fora de nosso controle, a gente mude àquilo que é ruim, mas que podemos, de fato, mudar. Dois mil e dezenove está aí não para provar como a vida é maldosa, mas para nos colocar em prova.
A vida é surpreendente o suficiente para acontecer sem nosso controle, isso nos coloca numa situação de impotência frente à ela e lamentamos nos perguntando a razão. Assim sendo, por que aquilo que temos controle a gente negligencia? Nosso bem estar, as pessoas importantes nas nossas vidas, nossa saúde. É fácil lamentar àquilo que a gente não pode controlar, mas tem tantas outras coisas que vamos deixando pra depois por escolha própria. O que é importante na sua vida? O agora está a um passo de virar depois.