domingo, 29 de dezembro de 2019

A leveza de ser


 


  Certas relações são uma busca incessante de provar que somos bons o suficiente para algo ou alguém. É como se qualquer ato falho fizesse o outro perder interesse.  Como se a relação dependesse tanto da gente que não podemos relaxar. E a gente se acostuma com a dúvida.  Acostumamos com a carga. E isso não deveria ser normal.
  O costume é algo nocivo porque nos faz naturalizar momentos que poderiam ser muito melhores. O costume faz com que não enxerguemos a total beleza das coisas. Conviva com uma criança por pouco tempo e irá perceber como o olhar dela é diferente. Ela acha incrível carretas e trens. Uma criança acha espetacular como a lua parece a seguir em todo lugar que ela vai. Isso acontece porque tudo é novidade, ela não está acostumada com aquilo como os adultos estão, tudo é mágico e leve.
  O que é leve a gente não questiona. O que é leve a gente sente como uma brisa fresca num dia quente. É como um abraço quando palavras não podem ajudar. É confortável como nosso próprio travesseiro. Como um chuveiro quente num dia frio e cansativo. O que é leve não traz dúvidas, mas paz.
  Que se for para estar com alguém seja leve como uma noite na praia com nossa companhia preferida, que a gente tenha conversas tão gostosas que tenhamos vontade de morar nelas. Não precisamos sentir como se estivéssemos, o tempo todo, a espera de algo, na ansiedade de ganhar ou perder.
  É tão bom a leveza de um coração que está em paz, sorrimos também com o olhar, e parece que o universo sorri de volta pra gente.