Quando eu era criança tinha pavor de mudança. Lembro
quando uma vez minha mãe mudou o turno que eu estudava na segunda série e eu
achei um absurdo. Já tinha uma rotina toda definida e, de repente, tive que
construir tudo de novo. O que eu não imaginava naquela época era que isso não
aconteceria só uma vez na minha vida, mas várias.
Até pouco tempo continuava não gostando muito de
mudanças. Temos que concordar que o novo causa estranheza, às vezes,
indiferença, insegurança. Mas, por força do destino ou por um instinto que eu
mesma desconhecia, mudar se tornou uma constante na minha vida. Quase uma
necessidade.
Eu li em algum lugar que temos um vício de eternidade.
Parece que as coisas só são reais e bonitas se durarem para sempre. É difícil
pra gente compreender que um momento pode ser verdadeiro, sem se repetir outras
vezes. É difícil acreditar que algo deu certo, se não durou para sempre.
Eu vi num filme que, no fim, a vida seja um processo de
abrir mão. E acredito que seja mesmo, mas não de uma forma ruim. É obvio que
quando uma coisa é boa surge um pesar de ter que deixá-la, mas deixar não
significa abandonar. Vai ser, para sempre, um pedaço nosso.
Hoje, diferentemente daquela criança de oito anos de
idade, me sinto de coração aberto para encarar o novo. Hoje, o ponto final se
fez necessário para que um outro paragrafo seja escrito. Hoje, entendo que
rotinas mudam, pessoas entram e saem de nossas vidas. E ela segue tão bonita
quanto antes, mesmo que seja de uma forma diferente. Hoje, minhas raízes são minhas asas. E, hoje,
as turbulências não me impedem de voar.
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