Eu
sou muito a favor de conselhos gratuitos porque acho que, às vezes, uma
situação por mais óbvia que possa parecer não é enxergada pela outra pessoa.
Porém, há uma linha tênue para que não desrespeitemos o direito de uma pessoa
vivenciar uma situação, até mesmo insistir num erro, por mais absurdo que possa
parecer.
As
paixões e os sentimentos de alguém são muito importes e muito particulares, não
é legal quando nós os menosprezamos porque aquilo não faz sentido pra gente.
Algo que possa ser extremamente banal pode significar o mundo para alguém.
Às
vezes não entendemos o motivo do outro estar chateado porque para nós aquilo
não significa nada. Particularmente, acho
que essa é uma das lições mais difíceis de serem aprendidas. Nem sempre temos
que fazer algo baseado no quão estamos certos ou não, mas em quanto uma atitude
como um pedido de desculpa ou um incentivo de uma ideia vai fazer bem para quem
a gente gosta.
Quantas
vezes já ouvimos ou passamos por aquela situação em que a gente corta o cabelo
e vem alguém falar "nossa, preferia seu cabelo antes" ou estamos com
uma espinha no rosto e alguém diz "você ta com uma espinha grande no
rosto, né?" ou uma das mais famosas "você deu uma engordadinha"?
Isso eu chamo dos heróis das constatações óbvias, a pessoa sabe daquilo
que a gente está pontuando, mas ela não pode fazer nada sobre isso ou ela,
simplesmente, não quer, de qualquer forma não é nossa responsabilidade dizer o
óbvio. Vocês podem até brigar comigo e reclamar que hoje não pode falar nada ou
vocês podem fazer igual ao Eduardo (aquele da música do Legião sabe?) achar
estranho, mas melhor não comentar.
Uma
vez eu li que um macaco matou um peixe porque o tirou da água achando que
estava o salvando de um afogamento. Somos mestres em apontar defeitos e
resolver problemas que não nos pertence. Queremos conhecer mais a vida do outro
do que ele mesmo. Não estou falando isso pra dizer quão mal nós somos, mas pra
lembrar que a melhor das atitudes pode gerar consequências negativas na vida de
alguém. Nenhuma vida vem com manual de instrução, assim como as regras que
funcionam ou funcionaram na nossa vida pode não valer pra outro alguém. Aqui
vale a máxima “cada um lê com os olhos que tem e interpreta a partir de onde os
pés pisam”.
Devemos
lembrar que as lições que aprendemos na vida vêm de experiências pessoais, às
vezes transferíveis, mas às vezes não.A verdade é que parece que queremos que
as outras pessoas vivam de acordo como vivemos nossa própria vida. Há uma
balança social de pecado em que o erro do outro é sempre mais grave e menos
perdoável que o nosso. Nós, como sociedade, e principalmente como seres
humanos, precisamos nos colocar no lugar do outro.
É difícil
identificar o momento de expor ou não uma opinião para ajudar ou criticar
alguém. Cada pessoa é um mar de emoções. É muita arrogância achar que a gente
conhece cada gota desse oceano que é denso e profundo. Antes de julgarmos uma
situação que alguém vive ou está passando, devemos lembrar que o que pra gente
parece ser um afogamento talvez seja, na verdade, a fonte de ar.
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