quinta-feira, 9 de março de 2017

Não tente salvar um peixe de um afogamento


Eu sou muito a favor de conselhos gratuitos porque acho que, às vezes, uma situação por mais óbvia que possa parecer não é enxergada pela outra pessoa. Porém, há uma linha tênue para que não desrespeitemos o direito de uma pessoa vivenciar uma situação, até mesmo insistir num erro, por mais absurdo que possa parecer.
As paixões e os sentimentos de alguém são muito importes e muito particulares, não é legal quando nós os menosprezamos porque aquilo não faz sentido pra gente. Algo que possa ser extremamente banal pode significar o mundo para alguém. 
Às vezes não entendemos o motivo do outro estar chateado porque para nós aquilo não significa nada.  Particularmente, acho que essa é uma das lições mais difíceis de serem aprendidas. Nem sempre temos que fazer algo baseado no quão estamos certos ou não, mas em quanto uma atitude como um pedido de desculpa ou um incentivo de uma ideia vai fazer bem para quem a gente gosta. 
Quantas vezes já ouvimos ou passamos por aquela situação em que a gente corta o cabelo e vem alguém falar "nossa, preferia seu cabelo antes" ou estamos com uma espinha no rosto e alguém diz "você ta com uma espinha grande no rosto, né?" ou uma das mais famosas "você deu uma engordadinha"?  Isso eu chamo dos heróis das constatações óbvias, a pessoa sabe daquilo que a gente está pontuando, mas ela não pode fazer nada sobre isso ou ela, simplesmente, não quer, de qualquer forma não é nossa responsabilidade dizer o óbvio. Vocês podem até brigar comigo e reclamar que hoje não pode falar nada ou vocês podem fazer igual ao Eduardo (aquele da música do Legião sabe?) achar estranho, mas melhor não comentar.
Uma vez eu li que um macaco matou um peixe porque o tirou da água achando que estava o salvando de um afogamento. Somos mestres em apontar defeitos e resolver problemas que não nos pertence. Queremos conhecer mais a vida do outro do que ele mesmo. Não estou falando isso pra dizer quão mal nós somos, mas pra lembrar que a melhor das atitudes pode gerar consequências negativas na vida de alguém. Nenhuma vida vem com manual de instrução, assim como as regras que funcionam ou funcionaram na nossa vida pode não valer pra outro alguém. Aqui vale a máxima “cada um lê com os olhos que tem e interpreta a partir de onde os pés pisam”. 
Devemos lembrar que as lições que aprendemos na vida vêm de experiências pessoais, às vezes transferíveis, mas às vezes não.A verdade é que parece que queremos que as outras pessoas vivam de acordo como vivemos nossa própria vida. Há uma balança social de pecado em que o erro do outro é sempre mais grave e menos perdoável que o nosso. Nós, como sociedade, e principalmente como seres humanos, precisamos nos colocar no lugar do outro.
É difícil identificar o momento de expor ou não uma opinião para ajudar ou criticar alguém. Cada pessoa é um mar de emoções. É muita arrogância achar que a gente conhece cada gota desse oceano que é denso e profundo. Antes de julgarmos uma situação que alguém vive ou está passando, devemos lembrar que o que pra gente parece ser um afogamento talvez seja, na verdade, a fonte de ar.

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